quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Grupo Arteatro entrevista Alex Maia, da Cooperativa Mídia Peripheria Digital

Por Nanda Rovere


Com graduação em Sistema de Informação pela Universidade São Marcos, atuou durante 11 anos em pequenas, médias e grandes empresas da região Metropolitana de São Paulo. Atuante na área de sistemas de informação e projetos de capacitação na qualidade de educador.

É membro fundador da Cooperativa Mira Peripheria Digital, um grupo de educação continuada, que funciona em forma de cooperativa e pesquisa soluções para se usar com qualidade a internet e todas as ferramentas de comunicação que ele disponibiliza aos usuários.

Atua como consultor em vários projetos sociais e através da tecnologia streaming tem disponibilizado na internet oficinas, debates e espetáculos no momento em que os eventos acontecem.

Maia fala sobre a tecnologia streaming, a sua experiência na realização desse trabalho e a Mostra Rio-São Paulo de Teatro de Rua.

No site http://www.miraperipheria.com/ é possível conhecer detalhes sobre a sua atividade profissional. No link http://www.youtube.com/miraperipheria é possível assistir ao curta metragem da Mostra, produzido por Maia.

Mostra Rio - São Paulo - O que é o streaming?

Alex Maia - O streaming é uma tecnologia usada em outros projetos ligados à tecnologia da informação. São softwares para transmissão de áudio e imagens pela internet. Tenho uma parceria com a TV Navegar que faz a transmissão de imagens de cidades ribeirinhas do Rio Amazonas e adaptamos o trabalho deles para a cultura e educação.

MRS - Você disse que foi para a Colômbia num festival de teatro. Como foi a experiência no país?

Maia - Fui ao XV Encuentro Nacional Comunitario de Teatro Joven, que teve a idealização da Corporacion Cultural Nuestra Gente. Conseguimos transmitir os espetáculos, as oficinas e debates.

Lá, percebi que precisamos organizar melhor nossas ações em prol de um ideal. Não somos compromissados como deveríamos com os nossos projetos. Existe uma Rede Digital e devemos fortalecê-la. Não importa a quantidade de pessoas que dela participam e sim a integração e a troca de informações, que deve ser frequente. Buscamos dominar técnicas e tecnologias para aplicá-las ao desenvolvimento da educação.
MRS - Como foi o convite para participar da Mostra e trazer essa tecnologia para o evento?

Maia - Na Colômbia, conheci o Reinaldo Sant`ana, do Grupo Entrou Por Uma Porta, e vim com ele para a Mostra. O objetivo é colocar na Internet os espetáculos na íntegra, no momento em que eles estão acontecendo.

MRS - E a experiência está dando certo?

Maia - No primeiro dia conseguimos captar imagens e áudio das apresentações, mas devido a problemas de conexão, o conteúdo filmado terá que ser editado. O importante é que a Mostra será registrada e os vídeos serão disponibilizados. Trouxe para a Mostra um colega, Wagner Ribeiro, que faz parte da cooperativa e está se formando em pedagogia. Creio que o que ele está vendo em Mangaratiba vai acrescentar muito para o material de trabalho dele, que é pensar conjuntamente, Tecnologia da Informação, cultura e educação. A troca de experiências aqui na mostra é impressionante.

MRS - Em quais sites os registros poderão ser encontrados?

Maia - Pretendemos colocar os arquivos no blog da Mostra e no site da Cooperativa Mira Peripheria Digital, também criamos um blog em São Paulo para disponibilizarmos as gravações.

MRS - Você pretende se dedicar ao teatro, realizando as transmissões streaming?

Maia - Tenho participado do projeto Fundão, do Pombas Urbanas, que mapeia todos os pontos de cultura do Brasil.

MRS - Na sua opinião, grupos de teatro, em geral têm consciência do papel da Internet como divulgador do fazer ARTÍSTICO?

Maia - A Internet é positiva e negativa, dependendo do uso que fazemos dela. Ela é positiva porque tem um alcance maior do que outros meios de comunicação, mas o seu lado ruim é que constantemente temos que trabalhar em cima das novas tecnologias, precisamos estar atento ao seu desenvolvimento. Essa tarefa não podemos realizar sozinhos, pois dependemos de um coletivo para saber usar as linguagens disponíveis.

Com o streaming podemos colocar na internet uma rede de TV e é uma ferramenta excelente para fazermos uma cobertura de qualidade dos espetáculos, desde a sua pré produção, até a finalização das montagens e apresentações para o público, seja ele presencial ou virtual.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Entrevista José Joaquim Madeira

Por Nanda Rovere


José Joaquim Madeira, presidente da ONG Vida Longa e Saudável e proprietário da pousada Imperial, é oficial da Marinha, secretário de Governo e está em Mangaratiba há algumas décadas.

Natural de Duque de Caxias, morou em Guaratinguetá, Brasília e Rio de Janeiro. Foi a Mangaratiba a passeio, mas acabou se envolvendo com o seu cotidiano e começou a ajudar a população, fixando residência na cidade.

É o idealizador do Carnamar, desfiles de embarcações que tocam música e saem de Itacuruçá, proporcionando diversão aos moradores e turistas durante o carnaval. No evento, são tocadas músicas de carnaval, axé e pop. A procissão de embarcações faz o caminho entre Itacuruçá e Ilha Grande O barco mais animado e mais enfeitado é premiado pela municipalidade.

Para mais informações: http://josejoaquimmadeira.blogspot.com/

Mostra Rio - SP de Teatro de Rua – O que o Senhor pode falar sobre Mangaratiba?
José Joaquim Madeira - A cidade é balneária, tem 32mil habitantes, está dividida em distritos e separada pela Serra do Piloto. Temos mar, serras e cachoeiras. Aqui encontramos uma tranqüilidade e uma hospitalidade muito boa. O município, que é muito belo e próximo ao Rio de Janeiro, é voltado ao turismo. Temos grandes condomínios que geram empregos e nosso objetivo é que as pessoas venham para cá e tenham lazer e entretenimento.

MRS - Mangaratiba também possui riquezas históricas. O que pode nos falar sobre isso?
Madeira - Mangaratiba era rota dos escravos e sedia o primeiro teatro e a primeira estrada de rodagem do Brasil. Temos um acervo enorme, como o junco da Marambaia e os quilombolas; são riquezas culturais que vêem da época do Império. Aqui, nós tivemos um desenvolvimento na época do café, éramos responsáveis pelo seu escoamento. Com a chegada da Central do Brasil, no entanto, o escoamento passou a ocorrer através da estrada de ferro e a cidade perdeu o seu poder. Ela só voltou a ser conhecida e a se desenvolver com a construção da Rio - Santos. De lá pra cá existe um trabalho por parte dos governantes para que a cidade se desenvolva, sem perder a tranqüilidade.

MRS - O Sr. havia dito que pretende contribuir para o desenvolvimento cultural da cidade...
Madeira - Estamos realizando ações para que tenhamos uma identidade própria e para isso é necessário que se invista. O meu esforço em contribuir para que a Mostra fosse realidade, foi justamente para mostrar que o empresário e a iniciativa privada podem realizar projetos interessantes na área cultural. A praça cheia demonstrou que todos estão carentes de cultura e ávidos para que haja mais apresentações teatrais em Mangaratiba.

MRS - E o teatro, ele é utilizado para eventos?
Madeira - O teatro é uma ruína que está conservada, mas não tem aplicação imediata. Pretendemos reviver e humanizar o espaço, colocando lá atividades de artesanato e realizando peças. É um desafio que passo para os artistas da Mostra: Montarmos uma peça e apresentarmos naquele espaço.

MRS - Como avalia a vida cultural da cidade?
Madeira - O Ailton (Amaral) está desenvolvendo no colégio João Paulo II um curso de teatro, mas ainda não encontrou respaldo dos cidadãos. Está começando a aparecer um ou outro talento que participará da própria Mostra, mas é um trabalho árduo.
Na área de artes plásticas temos um grande talento, que é o Messias Neiva. Não há, no entanto, projetos que incentivem os artistas a produzirem. Por outro lado, a parte musical está saudável e realizamos recentemente o Festival Gospel de Adoradores, que mostrou o potencial dos nossos cantores. Agora, o desafio é desenvolver manifestações ligadas à música pop.

MRS - Quais as suas preferências culturais? Neste sentido, tem o hábito de assistir teatro de rua?
Madeira - Aprecio MPB e teatro; é muito bom ir ao Rio de Janeiro assistir a espetáculos. Estou lutando para montar um teatro em Mangaratiba e conto com a ajuda do Ailton e do Reinaldo Sant`Ana. Eles estão animados com isso e acredito que irão me ajudar a fazer com que tenhamos, pelo menos uma vez por mês, apresentações teatrais.
Quanto ao teatro de rua, assisto quando vou aos grandes centros e acho muito interessante porque os artistas são fantásticos.

MRS - Qual é o envolvimento da ONG Vida Longa e Saudável no cotidiano de Mangaratiba?
Madeira - Ela pode ser conhecida através do site www.vidalongaesaudavel.org.br Esta organização mantém um trabalho de preservação do meio ambiente, de promoção da vida saudável e busca orientar as pessoas em como viver bem, como alimentar-se de maneira saudável e fazer exercícios.

MRS - Qual a importância da Mostra para Mangaratiba e o que levou a apoiar o evento?
Madeira - A Mostra traz a Mangaratiba um momento que pode ser histórico. Se soubermos agir podemos transformar Mangaratiba num pólo de teatro de rua. O Ailton eu conheço devido à atividade cultural que ele desenvolve na cidade, mas não tínhamos uma aproximação maior. Recentemente, fui procurado por ele porque estava com dificuldade de conseguir patrocínio para a Mostra. O governo do estado já havia liberado verba, mas ele não estava conseguindo o apoio da hospedagem e para a alimentação dos artistas. Eu como tenho consciência da importância que tem a cultura para o povo, disse ao Ailton que hospedaria os grupos na posada da qual sou proprietário. Fizemos o possível para acomodar bem as quase 70 pessoas que participam do evento. Nosso objetivo era mostrar à população de Mangaratiba e a quem se negou a patrocinar a Mostra, que o teatro de rua é uma forma de entretenimento e transmite às pessoas um conteúdo importante. Me senti muito feliz com o resultado, bem como com a possibilidade de poder contribuir com a cultura do município em que eu moro e que amo.

MRS - No início da entrevista você citou o papel dos empresários em valorizar a cultura. E o poder público, como deve atuar?
Madeira - O poder público sempre tem que agir, até porque tem que participar com a segurança, iluminação e cessão do espaço. A forma como foi feita a Mostra provou que é possível fazer eventos culturais sem a presença do poder público, com patrocínios da iniciativa privada e das pessoas físicas. Realizar eventos e juntar a população e os empresários na busca de soluções, não somente na área cultural, mas em outras atividades que contribuam para que a população tenha uma qualidade de vida melhor, é o ideal para que os artistas consigam viabilizar os seus projetos.

MRS - O teatro então pode transformar o mundo?
Madeira - Sim, porque cada peça é uma mensagem e as pessoas que a recebem podem multiplicar o ensinamento. Quero sugerir para que as próximas mostras sejam temáticas. Um exemplo muito bonito é a peça dos atores de Angola, que mostraram lindamente os problemas da guerra, vividos pelo país e fazendo uma homenagem ao estado de guerra que estamos vivendo no Rio de Janeiro.

MRS - Como foi receber atores de Angola em Mangaratiba?
Madeira - Na minha opinião foi fantástico, mostrou aos moradores de Mangaratiba que a cidade é vista em todos os lugares do mundo. Ver que os cidadãos angolanos atravessaram o Atlântico para se apresentarem na nossa cidade, foi um orgulho para nós. Foi um prazer recebê-los e procuramos dar a eles todo o carinho que eles merecem.

Entrevista com a atriz Dulce Baptista da Fundação Sindika Dokolo - Luanda - Angola

Por Nanda Rovere

Dulce Baptista e Meirinho Mendes, artistas que representam a cultura angolana, se juntaram para apresentar ¨As Formigas¨ que com uma montagem tocante fala sobre uma guerra de sentido universal, que pode ser tanto a guerra pela qual Angola passou, quanto à ¨guerras¨ individuais pelas quais passamos em busca do nosso ¨eu¨.

Baseada no conto do francês Boris Vian, que foi publicado em 1949, a obra continua atual, suscitando reflexões sobre os valores humanos e a ética.
A peça esteve em Salvador e Curitiba e foi convidada para a VII Mostra de Teatro de Rua em Mangaratiba.
Dulce é a primeira vez que trabalha com teatro, já Meirinho, seu colega de cena, tem ampla experiência como ator e professor, viajando por diversos países da Europa.
Dulce foi convidada a participar do projeto pelo diretor Rogério de Carvalho e já veio ao Brasil duas vezes, para o Festival de Curitiba e uma apresentação em Salvador, e para a Mostra de Teatro de Rua Rio-São Paulo.
Nesta entrevista, a angolana fala sobre a Mostra em Mangaratiba, a arte em geral, sua impressão sobre o Brasil e aspectos da história e do cotidiano do seu país natal.


Mostra Rio - SP de Teatro de Rua - Como surgiu a oportunidade de participar do espetáculo As Formigas?
Dulce Baptista - Fui convidada porque falo o dialeto mucubal, que juntamente ao português, faz parte da língua falada na montagem.
Moro numa tribo localizada no sul de Angola, que está entre o deserto do Namibe e do Kalahari. Lá, o idioma original foi preservado e se constitui num dos poucos resquícios da cultura angolana após a colonização portuguesa.

MRS - Como surgiu o convite para participar da Mostra e como conheceram o curador Ailton Amaral?
DB - Ele nos viu em Curitiba e nossa vinda foi viabilizada devido ao apoio da Fundação Sindika Dokolo, a qual o meu colega Meirinho é ligado.

MRS - O que pode falar sobre a experiência de participar da Mostra?
DB - Apesar da saudade da família, marido e filho, que ficaram em Angola, estou satisfeita: A Mostra é um momento interessante para a interação entre as pessoas, conhecer gente do Rio e São Paulo e trocar experiências de vida e profissionais. Também proporciona acesso ao teatro a uma população que não tem acesso à cultura.
Como Mangaratiba é uma cidade do mesmo porte da qual resido, me senti bastante à vontade. Sempre me apresentei com As formigas em espaços fechados, fiquei surpresa quando soube que iria fazer a peça na praça.

MRS - Qual o balanço que faz da sua apresentação e como foi a receptividade do público?
DB - Foi um desafio, principalmente porque sou muito tímida; só consegui enfrentar a situação porque já conhecia algumas pessoas e isso me deu segurança. O público prestou atenção na encenação e aplaudiu calorosamente ao final e isso me deixou muito satisfeita.

MRS - Como é a cultura em Angola?
DB - Lá na minha tribo não há tradição de produção artística. As novelas brasileiras é que fazem muito sucesso. Por esse motivo, eventos que promovam o acesso da população à arte são sempre bem vindos. O que dificulta a efervescência cultural é o nomadismo no período das chuvas. Na capital Luanda, no entanto, a vida é muito agitada. Não conheço nada sobre o teatro, mas o angolano é um povo muito musical. O semba, estilo que dizem que tem origem no samba é o mais popular no país.

MRS - Como está a situação econômica do país?
DB - Está em desenvolvimento. O pais passou por uma guerra, mas está se reconstruindo e, apesar das diferenças culturais, é muito parecido com o Brasil. Tem pobres e ricos como aqui.

MRS - O que achou de Curitiba e Salvador?
DB - Me diziam que eu iria gostar da Bahia, mas conhecer Salvador, devido à grande quantidade de negros, não foi novidade para mim. Gostei bastante de Curitiba, das pessoas e da estrutura da cidade, que é muito bonita.

MRS - Novos projetos para o teatro?
DB - Não sei ainda se continuarei fazendo teatro, mas a experiência tanto no Brasil como na França foi de suma importância para o aprimoramento do meu conhecimento e um exercício para enfrentar o medo de falar diante de platéias.

MRS - Nos encontros da Rede Nacional de teatro falou-se muito na internet como meio para se divulgar o teatro de rua. Qual a sua opinião sobre o assunto?
DB - A possibilidade de gravar e registrar uma apresentação de teatro e colocá-la instantaneamente na Internet é uma oportunidade interessante para quem não pode estar nos locais em que os fatos acontecem, conhecer o trabalho dos artistas e opinar em caso de debates ou oficinas.

MRS - Os angolanos são adeptos das novas tecnologias?
DB - Sim, a Internet, por exemplo, faz sucesso entre os mais jovens. Tem-se a idéia de que o país é atrasado, mas ele está se desenvolvendo cada vez mais e as novas tecnologias fazem parte do cotidiano principalmente de quem mora nas cidades maiores.


Entrevista com Reinaldo Sant'Ana - Grupo Saiu Por Uma Porta

Por Nanda Rovere

Reinaldo Sant'ana é diretor executivo do grupo Entrou Por Uma Porta e diretor artístico do novo espetáculo Histórias Contadas e Compartilhadas, que foi encenado em Mangaratiba. São 22 anos de estrada, atuando na cidade do Rio de Janeiro e Manguinhos, locais onde mantem as suas unidades.
O artista fala sobre o seu trabalho, a vinda a Mangaratiba e coloca a sua opinião sobre a mostra e a cidade.


Mostra Rio - São Paulo de Teatro de Rua - Como é a interação entre vocês e a comunidade?
Reinaldo Sant'ana - Fazemos um teatro popular. Ele pode acontecer na rua, nos galpões, nas escolas, nos palcos burgueses. Montamos oficinas e capacitamos jovens e esse novo espetáculo tem jovens oriundos dessas oficinas.
Sempre procuramos divulgar a arte local nas nossas produções, em alguma cena, no figurino ou em qualquer outro elemento dos nossos trabalhos.


MRS - Tem algum exemplo que você pode citar?
RS - A entrada do boi, a entrada do zabumba e  a sanfona que são influências nordestinas porque em Manguinhos tem muitos imigrantes daquele estado.


MRS - Você disse que conhece o Ailton Amaral há anos. Como surgiu a oportunidade de se apresentar na Mostra?
RS - O Ailton eu conheço há trinta anos e fiz teatro de resistência com ele. Me inscrevi na mostra, como todo mundo, e a montagem foi selecionada.


MRS - O seu grupo consta na lista de agradecimentos da Mostra, qual a contribuição de vocês para a realização do evento?
RS - Emprestamos o nosso equipamento técnico. O Ailton resolveu colocar apoio cultural, mas na verdade foi uma parceria que fizemos. É uma forma de trabalhar em rede, se eu tenho, porque não vou ceder?


MRS - Como está o teatro em geral no estado do Rio?
RS - Tem dois problemas. O teatro de palcos tradicionais, burguês, sofre uma crise profunda, principalmente pelo alto valor dos ingressos.
O teatro de rua, por sua vez, é aquele que vai até as pessoas e ele precisa de apoio do governo ou empresários locais, para poderem chegar até o público


MRS - Como o seu grupo tem conseguido sobreviver por tantos anos?
RS - Nos mantemos com incentivo dos próprios participantes e com a elaboração de pequenos projetos. Acabamos de conseguir o Fomento e mantemos oficinas na rede de educação.


MRS - Como funciona o Fomento no Rio, tem semelhanças com o que é aplicado em São Paulo?
RS - O Fomento no Rio é só pra montagens ou pesquisas acadêmicas, diferentemente de São Paulo que há verba para pesquisas e também para a manutenção de temporadas. Além disso, em São Paulo a Lei é fruto da união de diversos grupos e artistas e aqui foi um ato governamental.


MRS - Fale da experiência de participar da Mostra e descentralizar a programação também nos distritos?
RS - Nos apresentamos em Itucuruçá e foi muito bom porque tivemos umas 300 pessoas assistindo.Foi interessante segurar as pessoas num espetáculo que dura aproximadamente uma hora e vinte.A Mostra está muito boa, muito bem produzida, mas temos que pensar que todos os participantes podem sugerir algumas coisas.
MRS - O que você sugere?
RS - Penso que para a próxima edição será preciso pensar em uma alternativa para a ocorrência de chuvas e é fundamental que os grupos troquem experiências e possam dar sugestões para a produção.


MRS -Você está acostumado a  participar de festivais e mostras? Na sua opinião, qual a importância desses encontros para os artistas e para o público?
RS - É transformador. Os grupos se conhecem e passam a ter um trabalho mais estético, mais lógico. A mostra é como se fosse um aprimoramento profissional. São três dias de interatividade e formação.
 MRS - Já conhecia Mangaratiba? Qual é a sua impressão sobre a cidade?

RS - Sim, conheci há cerca de quinze anos, numa época em que a cidade era matagal ainda. Estou fascinado com a mudança rápida. Foi muito bom apresentar o espetáculo aqui. As pessoas trouxeram cadeirinha para nos assistir. Achei isso uma coisa fantástica, a cidade se transformou num teatro a céu aberto.


MRS - Gostaria de salientar algo que tenha faltado nesta entrevista? Alguma observação final?RS - Mangaratiba deve pensar em trazer regularmente grupos para apresentar teatro e para construir uma nova estética. Isso é um processo longo, mas Mangaratiba tem tudo para traçar um bom caminho cultural.

Entrevista com os atores do espetáculo “Salomé & Yocanaãn – Profanando a Profanação” - Grupo Arteatro

Lell Trevisan, Paulo Arthur e Ana Carolina

Por Nanda Rovere

Lell Trevisan nasceu em São Paulo. Foi estudar teatro em Araraquara e depois voltou à capital em 2005. Faz teatro de rua. Participou dos grupos Polícromo Alecrim ( Araraquara) e Cia Sem Máscaras ( São José dos Campos).
Em Mangaratiba, com o colega Paulo Arthur, encenou "Salomé e Yucanaãn Profanando a Profanação", de sua autoria, baseado na obra Salomé do escritor Oscar Wilde. Conta a história do amor entre Salomé e o prisioneiro Yucanaãn.
Arthur Lemos e Ana Carolina são estreantes no teatro. Arthur está em cena ao lado de Trevisan, Ana é responsável pela sonoplastia da montagem. A direção é do Ailton Amaral e  a produção do Arteatro.

Mostra Rio-São Paulo de Teatro de Rua - Como ocorreu a sua vinda para Mangaratiba?
Lell Trevisan - Eu estava trabalhando com uma companhia chamada Cia Sem Máscaras, em São José dos Campos e o Ailton me ligou no finalzinho de julho me pedindo para fazer um espetáculo chamado Se Toc, aqui em Mangaratiba. Mas durante o processo houve um problema técnico e paramos de ensaiá-lo.  Aí resolvemos montar Salomé & Yocanaãn.

MRS - Depois da estréia na Mostra, já tem mais apresentações agendadas?
Trevisan - Já temos apresentações para janeiro em algumas cidades, entre elas, Paraty. Espero que possamos apresentá-la por muito tempo.

MRS - Como foi o processo de trabalho?
Trevisan - O Ailton não usa cenários, mas 50 m de panos que viram cenários e figurinos. Eu e ele nos conhecemos há cerca de 7 anos e eu sempre tive vontade de ser dirigido por ele. Além de atuar no espetáculo, sou produtor executivo da Mostra. A experiência foi muito instigante porque Mangaratiba é uma cidade muito deficiente na área cultural. Quando vim para cá estava com vontade de parar de fazer teatro, mas a paixão pela ¨arte falou mais alto¨.

MRS - O que achou da mudança da Mostra de Paraty para Mangaratiba?
Trevisan -Paraty é uma cidade muito bonita e era muito gostoso ir para lá prestigiar a mostra, mas Mangaratiba estava precisando de um evento como este, pois, como já citei, a cidade é carente na área cultural.  Valeu a pena me dedicar para que tudo saísse o melhor possível.

MRS - Como surgiu o interesse pelo teatro?  É a sua estréia, não?
Arthur Lemos -  Sim. Quando o Ailton abriu vagas para curso de teatro aqui em Mangaratiba, eu me interessei e comecei a fazer aulas com ele na escola João Paulo II. Não estavamos em número suficiente de alunos para estudarmos textos com muitos personagens, então, ele decidiu fazer aulas/ensaios. Como o Lell disse, ensaiamos Se Toc, mas houve muitas trocas de elenco; sobraram Lell, eu e Ana ( que está nos ajudando na produção) e achamos melhor montar Salomé.

MRS - Como é receber pessoas de fora para um evento cultural?
Ana Carolina -Muito cansativo, mas ao mesmo tempo prazeroso. É muito bacana conhecer novas pessoas e ver espetáculos de rua com grupos de várias localidades.

MRS -  O que vocês podem falar sobre a vida cultural em Mangaratiba:
Arthur - Ana - O que acontece aqui são apresentações nas escolas. A população sente falta de eventos culturais e por isto estão gostando muito da Mostra. Não há uma tradição cultural, mas acredito que se apresentações de teatro ocorrerem com mais frequência as pessoas  criarão o hábito de prestigiar espetáculos.

Entrevista com Reikrauss Benemond - Teatro Reikrauss - Curitiba

Entrevista com ReiKrauss Benemond, diretor da Teatratividade Companhia Teatral do Paraná

Por Nanda Rovere 

Curitiba é um pólo cultural importante. Na área teatral, sedia o Festival de Curitiba, que acontece anualmente e recebe grupos de todo o país.

São inúmeros espetáculos de rua e de palco, que se apresentam em capitais e/ou no interior do Brasil. O que acontece no evento é um espelho do que estará em cartaz durante o ano, pois por lá passam espetáculos já em temporada e também estréias.

O diretor, ator e professor ReiKrauss Benemond é carioca. Criou na capital paranaense a Teatratividade Companhia Teatral do Paraná. Desde 2007, participa da vida cultural curitibana.

Para Reikrauss, um dos méritos do Festival é impulsionar os artistas a formarem grupos e estarem sempre em atividade.

Com sede na Praça Tiradentes - Teatro Reikrauss, um dos pontos mais importantes de Curitiba, o grupo tem conquistado reconhecimento do público e da crítica.

Com a peça Defeitos de Família, de França Júnior, abriu oficialmente a Mostra Rio São Paulo de Teatro de Rua 2010, levando para a praça central de Mangaratiba uma divertida confusão familiar.

Nesta entrevista, é possível conhecer um pouquinho do processo de criação do grupo, a opinião de Reikrauss sobre a vida cultural de Curitiba, como foi a participação do grupo na mostra, entre outras informações.


Mostra Rio - São Paulo de Teatro de Rua - Como é fazer teatro fora do eixo Rio - SP? Como divulgam os trabalhos que realizam?
ReiKrauss Benemond - Fazer Teatro é difícil em qualquer lugar do país, claro que RJ e SP têm uma demanda maior de público, mas proporcionalmente acho igual. Os trabalhos são divulgados através da assessoria de imprensa do Teatro, mala direta, flyers cartazes, etc.

MRS - Como está hoje Curitiba quanto ao desenvolvimento cultural?
ReiKrauss - Cada dia que passa Curitiba forma novos grupos como muita competência, o Festival de Curitiba estimula a pratica teatral e a formação de platéia que perpetua durante o ano.

MRS - Existem grupos de teatro de rua em Curitiba?
ReiKrauss - Existe sim, na semana passada aconteceu a "Mostra Rueiros de Teatro"; infelizmente não participamos, mas foi muito legal e interessante.

MRS - Para vocês, que moram numa grande cidade, há diferenças entre se apresentar no interior e na capital?
ReiKrauss - Para apresentação não vejo diferença. Como o interior é mais carente de cultura, o público se aproxima mais dos artistas, existe um assédio, uma curiosidade sobre o trabalho.

MRS - Como foi a experiência de se apresentar em Mangaratiba, viajar tanto tempo?
ReiKrauss - Foi uma grande honra, um prazer, uma sensação única. Levamos 14 horas para chegar ao RJ devido a trânsito, chuva... mas quando nos apresentamos o cansaço, problemas, etc., somem. É isso que escolhemos e não importa as dificuldades.

MRS - O que achou da Mostra? Conseguiu ver outros espetáculos? O que pode falar sobre eles?
ReiKrauss - Eu adoro a Mostra! E achei o lugar perfeito para fazer, levar teatro para aqueles menos favorecidos. Assisti aos outros espetáculos e todos com uma linha diferente de fazer teatro, foi uma mostra de diversas linguagens.

MRS - Na visão de vocês, o que se produz fora do eixo Rio SP e no interior tem conseguido chegar a uma grande quantidade de público?
ReiKrauss - Particularmente acho que depende do tipo de espetáculo, de como é feita a divulgação, etc.

MRS - Na mostra se falou muito sobre a Internet como meio de divulgação. Como o grupo usa a internet para a divulgação dos trabalhos?
ReiKrauss - Somos o primeiro Teatro da America Latina a transmitir TODOS os espetáculos em nosso site gratuitamente, isso acaba se tornando um marketing viral, com isso tivemos acessos de diversas partes do País e do exterior. Utilizamos tambem o youtube e redes sociais. A internet hoje é um meio essencial para ajudar na divulgação do teatro.

MRS - Como é o processo de criação da Cia?
ReiKrauss - O processo varia por espetáculo. Em "Defeito de Família" começamos por leituras de vários textos até ser escolhido este. Resolvemos trabalhar a máscara e, através disso, começamos um trabalho de expressão corporal e mímica . Inspirados na Comédia Dell arte, fizemos diversos improvisos com temas pré definidos e a construção das personagens foi feita na rua, observando as pessoas que transitavam o local. Como o texto é ágil, com falas rápidas, a trilha sonora foi elaborada de uma maneira que não comprometesse o andamento do espetáculo e valorizasse as nuances do texto, buscando também uma pesquisa cômica com os sons, tivemos várias aulas de canto e preparação vocal. Depois partimos para os instrumentos.

MRS - Como vocês conseguem manter a sede e colocar em pé os espetáculos
ReiKrauss - A sede se mantém através de bilheteria com os nossos espetáculos, com cursos e locação para outros grupos e para eventos.

MRS - Como é a escolha do que será realizado especialmente para a rua e os trabalhos para palcos?
ReiKrauss - Não é uma coisa programada, acontece. Os nossos espetáculos são feitos tanto paras as ruas como para os palcos.

O teatro de rua invade Mangaratiba

Por Nanda Rovere

A VII Mostra Rio-SP de Teatro de Rua reuniu cerca de 16 grupos, representando diversas cidades do interior desses estados e também das capitais.

Em sua sétima edição, o evento foi criado com o objetivo de promover o encontro de grupos que pesquisam e trabalham com a linguagem de teatro de rua.
  
Nos três dias de apresentações, entre 26 e 28 de novembro de 2010,  foi possível entrar em contato com diversas maneiras de se fazer e pensar o teatro.

Os habitantes de Mangaratiba tiveram a oportunidade de conhecer grupos que representam a produção do teatro de rua na atualidade, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
  
O Teatro de Rua é a forma mais democrática de acesso à cultura, pois promove arte de forma gratuita. E esta mostra, produzida pelo Grupo Arteatro, com a curadoria e organização de Ailton Amaral e Vivaldo Franco e  patrocínio da Secretaria Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e Pousada Imperial, com apoio cultural do Grupo Entrou Por Uma Porta e Madeira's Clube deixa seus realizadores de parabéns por levar a Mangaratiba um evento importante, que anteriormente acontecia em Paraty,  cidade  também pertencente ao estado do Rio de Janeiro.
  
Com reuniões diárias, membros do Movimento Brasileiro de Teatro de Rua/RJ
e artistas que mostraram o seu trabalho no evento, discutiram ações para fortalecer e viabilizar produções de teatro de rua e a cultura em seus diversos aspectos, bem como tornar rotina o uso de novas tecnologias para melhorar o intercâmbio entre produtores e atores, já que a mídia não cede espaço a quem se dedica a esse tipo de arte.
  
Nesta mostra, que contou com convidados de locais fora do eixo Rio-São Paulo, como o  Grupo do Teatro Reikrauss de Curitiba/PR, e os atores Dulce Baptista e Meirinho Mendes, de Angola, a discussão sobre o papel da Internet na divulgação da cultura foi um dos pontos em destaque.
  
Reinaldo Sant’ana e Alex Maia Sanchez, este especialista em Tecnologia de Informação , mostraram aos participantes da Mostra uma idéia interessante para que peças de teatro e discussões sobre o fazer teatral possam ser vistas em todo o mundo. Realizam um trabalho chamado streaming, isto é, filmam debates e apresentações teatrais na íntegra e as colocam disponíveis em blog ou sites, no momento em que estão acontecendo. Para eles, a Internet, ao congregar pessoas de todas as regiões do planeta, possibilita que um número significativo de pessoas conversem on line e dêem a sua opinião sobre um determinado assunto. Um modo interessante para se propor e colocar em prática idéias defendidas por pessoas que nem sempre podem se encontrar( mas que via computador podem articular ações que contribuam para a evolução das artes cênicas.
  
A proposta de formar um núcleo para pesquisar e colocar em prática esse trabalho foi colocada em pauta.  Foi acordado formar uma rede on line de teatro de grupo, primeiramente formada pelos que estiveram em Mangaratiba para a Mostra e colocá-la disponível em redes sociais, como o twitter, para assim mais pessoas participarem. A sua aplicação dependerá da união entre os artistas.

Na praça central Robert Simões, o primeiro grupo a se apresentar foi a Cia Dois Banquinhos, Rio de Janeiro, com o espetáculo: “Os Charlatões Mais Sinceros do Mundo, que fez uma homenagem ao palhaço e, através das técnicas circenses, prendeu a atenção do público, suscitando diversão e abrindo oficialmente a 7ª Mostra de Teatro Rio São Paulo, que contou também com o tradicional desfile dos artistas participantes.
  
Logo em seguida, ¨Defeito de Família¨ , com o  Grupo do Teatro Reikrauss de Curitiba/PR , deu continuidade ao evento também na praça central. A peça conta com humor maus entendidos que sugerem o relacionamento de um curandeiro com duas mulheres numa mesma casa: a mãe e a filha. Essa situação gera confusões porque coloca em risco o casamento da moça com um rico pretendente..
  
No sábado, 27, a história da evolução humana foi contada com humor e ironia no espetáculo: “Procurando Homo...”. Brincadeiras com o público e o uso das técnicas e da linguagem do circo ajudaram a trupe Sinequanon, Rio de Janeiro, a fazer sucesso com os espectadores de todas as idades. 

A alma angolana e a história desse país africano foram os temas principais de um espetáculo, sensível e atual, intitulado  “As Formigas". Encenado em português e Mucubal (dialeto das tribos da Namibia) pelos atores Dulce Baptista e Meirinho Mendes, esta montagem, especialmente convidada para a mostra, e apoiada pelo núcleo cultural da Fundação Sindika Dokolo - Luanda/Angola, teve como tema a guerra .

Para terminar a noite, ¨Buk na Rua – Teatro Noturno Para Adultos Insones”, da Anti Cia de Teatro – Rio de Janeiro, causou variadas respostas do público, desde a atenção completa à encenação, à manifestações exacerbadas de adolescentes e adultos que ficaram impressionados com o teor forte do texto.

No último dia do evento,  o palhaço Jeca de Pirassununga/SP, Reinaldo Facchini, apresentou uma montagem simples e tocante,“Esperando na Rodo”.  O artista faz uma reverência ao interior do Brasil. Um homem deseja ser famoso e a caminho da cidade grande passa por momentos marcantes numa rodoviária. Lá, ao se perder do seu primo, vive a experiência da solidão e da dúvida sobre o que realmente quer para o seu futuro.

Em seguida, o Grupo Entrou por uma Porta – Rio Janeiro, comemorando uma trajetória de 22 anos, estreou “Histórias Contadas e Compartilhadas”. A peça mescla atores profissionais e iniciantes e tem como mérito a valorização da nossa cultura popular e da nossa história, com cenários, figurinos e trilha primorosos.

O Grupo Arteatro, sob a direção de Ailton Amaral, encenou ¨Salomé & Yocanaãn – Profanando a Profanação”.  A montagem trouxe o ator paulista Lell Trevisan, que também assina o texto, ao lado do iniciante e talentoso Arthur Lemos. Trevisan ainda precisa aprimorar o seu personagem, que está muito parecido com a versão antiga dessa peça. Inspirados na obra Salomé, de Oscar Wilde, os dois atores interpretam vários personagens e contam com humor a paixão de Salomé pelo prisioneiro Yocanaãn.
  
Os Pambazos Bros, que participaram pela terceira vez da Mostra e foram os penúltimos a ocuparem a praça, encenaram “Porongo Vaudeville”. Cativaram a platéia com a sua alegria e números que mesclam humor e circo.
  
Para terminar o evento, o grupo Rosa dos Ventos, que em 2005 esteve em Paraty com Saltimbembe Mambembancos, mostrou A Farsa do Advogado Pathelin, o seu mais recente trabalho. Com humor, dinamismo, troca de personagens e técnicas circenses apuradas, o grupo fechou com mérito a noite de domingo.
  
Participar da VII da Mostra Rio São Paulo de teatro de Rua foi uma oportunidade ímpar para verificar que os nossos artistas de rua são criativos, talentosos e apaixonados pelo fazer teatral; além disso estão cada vez mais preocupados em oferecer produções caprichadas.

O seu idealizador e seus apoiadores merecem aplausos por valorizar o teatro de rua e por proporcionar ao público e participantes uma emocionante confraternização.

O sucesso da Mostra, pôde ser medido pela satisfação dos espectadores e pela quantidade de pessoas que prestigiou os espetáculos, que também estiveram nos distritos de Itacuruçá, Muriqui, e na Praia do Saco.

Sempre há aspectos a evoluir, mas a oitava Mostra acontecerá com a aprovação dos moradores de Mangaratiba, que prestigiaram as montagens. Será mais uma oportunidade para que o teatro esteja cada vez mais presente em municípios de pequeno porte e motive reflexões do nosso cotidiano.

Em Mangaratiba, para quem não sabe, está o teatro mais antigo do Brasil – fruto da época de ouro do café...Mas a cidade não tem tradição de teatro e a mostra pode ser a semente para a formação de grupos e oficinas.

A integração entre os artistas foi solidificada pela alimentação e hospedagem realizada em um único local. Se em Mangaratiba o tempo corre devagar, ideal para quem gosta de sossego, o clima entre os artistas foi de discussão e celebração do teatro de rua, que na opinião de todos deve favorecer o senso crítico.